Bulldog
O Bulldog é uma raça oriunda da Inglaterra. Sua origem não é muito certa, embora saiba-se que até meados do século XVIII seus exemplares, mais altos e ágeis, eram utilizados em combates contra touros. Quando estes embates foram proibidos, o bulldog visto hoje como cão de companhia, foi salvo por fiéis criadores. A razão para tal afirmação é a de que interferências em seus cruzamentos, que geraram o físico diminuto atual, o impediam de reproduzir-se sozinho. Um exemplo disto é o seu nariz: voltado para cima, dificulta o resfriamento do ar e leva o animal ao superaquecimento, além de restringir sua energia para acasalar-se. Seu dito perfeito físico de lutador também não o ajudava com os filhotes. As fêmeas não eram bem sucedidas em partos naturais, uma vez que suas pernas tortas (excelentes para driblar os adversários), impediam que seus ossos dilatassem a ponto de proporcionar a passagem dos filhotes. Sua personalidade é descrita como brincalhona e afetuosa, apesar da face brava. (texto Wikipedia)
Ocobo Candy King
Entrevista com Andréa Sterque
Canil Bulldog Urbano
Por que Bulldog Inglês?
Bulldog Inglês é uma paixão antiga, desde os tempos de criança. E aqui no Sul existiam poucos criadores. Em 1999 adquirimos nosso primeiro bull, comprado de uma pessoa que não criava. Fez um cruzamento porque tinha uma fêmea, segurou um filhote para ela porque achou ele bonito, mas precisou vendê-lo e ficamos sabendo disso. O Byron já tinha 6 meses quando adquirimos ele, era fofo, lindo e querido por todos...um sonho realizado. Trabalhávamos o dia todo, e diariamente ele subia no sofá da sala e ficava olhando pela janela a gente partir... Ficamos com peninha dele, da sua solidão... e compramos uma fêmea para lhe fazer companhia. Ela preencheu os seus dias, e era um casal muito feliz. Daí surgiu a idéia de tirarmos uma ninhada deles, e consequentemente nasceu o Canil Bulldog Urbano. Desta ninhada nasceu a Agnes, uma linda fêmea que só nos deu alegria em toda a sua vida. Foi campeã Internacional da Raça, colecionou títulos de beleza e padrão e nos deu filhotes belíssimos, começando uma criação com o pé direito.
Quais as principais dificuldades na criação? Como cuidados especiais com filhotes, respiração, coberturas e cesarianas.
Bulldogs são especiais e únicos, inclusive em suas limitações de saúde. Acredito que o segredo é ter bons exemplares no momento de cruzá-los, a fim de evitar estes problemas, e claro, um bom veterinário que conheça a raça profundamente. Tirar ninhadas é de uma dedicação constante, 24 horas cuidando dos bebes até atingirem uma idade segura. As fêmeas são carinhosas e atenciosas com a ninhada, mas não cuidam deles sozinhas, por isso exigem uma intervenção humana constante. Utilizamos sempre a inseminação artificial e cesárea, e se bem assistido por um profissional, será bem sucedido, trazendo conforto e segurança para a mãe e os bebes.
Quais as principais diferenças entre as linhas de sangue européias e americanas?
Existe muito folclore em torno deste assunto, e acaba gerando muita polemica. No meu ponto de vista, não classificaria como "diferenças”, e sim, peculiaridades. Admiro um belo exemplar e dentro do padrão da raça, como uma obra de arte, não importa se ele é de origem inglesa ou americana, desde que preencha esses requisitos. E hoje temos excelentes exemplares nas duas linhas de sangue. Algumas pessoas acreditam que o "americano" tem a cabeça de um jeito, a orelha de outro....que o " inglês" tem o peito de um jeito, o tamanho de outro... o que ocorre é que, com os criadores mais antigos se cria um "estilo" próprio, baseado nos cruzamentos que este criador fez, não importando a linha de sangue que ele usou, e sim, os exemplares que ele colocou em reprodução, com seus defeitos e qualidades, e consequentemente a tendência do estilo que ele criou em seu canil. E na verdade este é o sonho de todo o criador, não? Criar um Bulldog que possa ser identificado mesmo sem se saber a sua origem. Acredito que, cada vez mais os criadores sérios se comprometem com a qualidade e o padrão da raça, e isso uniformiza as ditas " diferenças" citadas na pergunta, até chegar ao ponto de não distinguirmos as linhas de sangue, e sim, a qualidade delas.
Como se destacar como criador em uma raça com tantos criadores?
Acho que bom senso é tudo. Na hora de realizar um cruzamento; escolhendo exemplares que se completem no padrão e saudáveis; na hora de vendê-los, escolhendo um bom lar para eles e dar suporte à nova família; e realizar tudo com muito respeito e amor acima de tudo. Criar uma raça é dar vida a ela, isso deve ser feito com consciência e responsabilidade.
Importação x Criação. Comente a respeito.
Hoje temos inúmeros criadores que importam excelentes exemplares, com o intuito de adicionar qualidade em seu plantel. É extremamente positivo, desde que seja realizado para este fim, e este exemplar devidamente estudado e orientado para isso. Ser importado não é sinônimo de ser bom, tanto aqui como fora do país existem bons e maus criadores, bons e maus exemplares. Existe um comércio obscuro e tendencioso nesse meio, onde alguns criadores conduzem a venda para o que eles querem vender, porque de alguma forma este exemplar não lhe interessa. E da mesma forma, existe aqui um criador deslumbrado por ser um cão importado, achando que isso é tudo, sem se aprofundar na qualidade, saúde e beleza deste cão. De maneira alguma esta ignorância sobre o assunto pode ser positiva. Conhecimento e estudo definem uma boa compra, e consequentemente sucesso na nova aquisição.
Bulldog Inglês é uma raça com números muito expressivos em suas nacionais. Qual a importância disto para criação nacional e gaúcha?
Quanto mais divulgarmos a raça de forma correta e honesta, mais conhecimento as pessoas tem sobre padrão, qualidade e limitações de um bulldog inglês. Tendo em vista o crescimento que a raça vem atingindo ao longo dos anos, isto só pode ser positivo e agregador, desde que estes eventos sejam realizados e julgados por profissionais sérios e comprometidos com a cinofilia.
Qual a diferença entre a ABRABULL e a CBRBI? O que mudou para a criação da Raça no Brasil e Rio Grande do Sul?
Acompanhei a criação da Abrabull desde o seu começo em 2004, e fiz parte da sua fundação. Era um grupo pequeno, formado por criadores e amantes da raça com objetivos em comum. Com o passar dos anos o grupo aumentou e o foco se perdeu, alguns criadores juntamente comigo ficaram insatisfeitos com isso. Desta insatisfação nasceu o CBRBI, onde justamente resgatamos estes valores, de forma clara, amistosa e com muito respeito à raça e as pessoas que o compõe. Hoje enxergo isto de forma muito positiva, pois se o objetivo maior for a raça, todos saímos ganhando. Realizamos nossa primeira exposição em parceria com o KCSP em outubro de 2012, com juízes renomados, e foi um evento bonito de altíssimo nível e com resultados expressivos para a cinofilia de forma geral. Muitos participantes da exposição eram membros da Abrabull, e conseguimos reunir antigos e novos criadores em um clima de total harmonia e confraternização. Esperamos para o nosso próximo evento, ainda mais sucesso. Os bulldogs agradecem.
Entrevista com Gilberto Medeiros
Canil Reserva do Rei
Por que Bulldog Inglês?
Sempre me admirou a “caricatura” do Bulldog e desde criança fez parte do meu imaginário. Assistir ao TOM & JERRY era a desculpa para ver o bonachão e invocado SPIKE. Ao iniciarmos nosso contato com a raça, nos deparamos com um cão de temperamento único e que jamais passa despercebida ao olhar de todos.
Quais as principais dificuldades na criação? Como cuidados especiais com filhotes, respiração, coberturas e cesarianas.
Sem dúvida é uma das raças mais difíceis de ser criada, pois são muitas as dificuldades. Mas, destacaria o baixo índice gestacional e os entraves reprodutivos de um braquicefálico. A fragilidade dos filhotes associada a uma mãe nem sempre disposta à maternidade também constitui uma dificuldade na criação.
Quais as principais diferenças entre as linhas de sangue européias e americanas?
Acredito que as melhores cabeças são e sempre serão oriundas das linhas inglesas. Orelhas pequenas, finas e bem inseridas, cabeças retangulares, sem exagero, são características que, somadas a uma mandíbula poderosa, cartão de visita da raça, marcam o tipo britânico, assim como a cauda que deve existir não apenas em observância ao padrão, mas como um dos itens relacionados à saúde do bulldog. Como pontos fortes da linha americana, ressaltaria a movimentação e um maior equilíbrio do corpo.
Como se destacar como criador em uma raça com tantos criadores?
Primeiro, criando com profissionalismo e amor ao bulldog. Segundo, buscando sempre o melhor em termos de qualidade racial, saúde e bem estar dos cães. Apesar do constante crescimento da raça no Brasil, ainda poucos criadores selecionam matrizes e padreadores preocupando-se com a saúde. O mesmo se pode dizer em termos de instalações e cuidados dispensados, pois em muitas situações o pretenso criador tem no cão apenas um objeto de exploração econômica, não oferecendo as condições mínimas necessárias em termos de espaço, higiene e saúde física e mental.
Importação x Criação. Comente a respeito
Ainda precisamos das importações para o melhoramento do plantel e da criação nacional. Não poderia ser diferente, pois a história da raça bulldog no Brasil é recente. Porém, muitas importações não trazem qualquer proveito à criação, já que o propósito se restringe à disputa de ranking e exposições gerais, eventos que, a meu ver, não qualificam uma matriz nem servem de referência na escolha de um bom padreador.
Bulldog Inglês é uma raça com números muito expressivos em suas nacionais. Qual a importância disto para criação nacional e gaúcha?
O crescimento quantitativo e também qualitativo em todas as edições da Nacional Abrabull tem reflexo direto no cenário da criação gaúcha, nacional e também internacional. A organização, as palestras e o alto conhecimento técnico e renome de quem é convidado a julgar tornam o evento de alto nível e, por isso, interessantíssimo a todos os criadores. Tanto é verdade que, a cada exposição, aumenta o número de criadores e expositores brasileiros e estrangeiros. Hoje, a Nacional Abrabull desponta como o maior e mais importante acontecimento da raça na América do Sul. Sem medo de errar, vencer uma simples classe numa exposição desse porte tem muito mais valor do que qualquer resultado de exposições gerais ou ranking.
Qual a diferença entre a ABRABULL e a CBRBI? O que mudou para a criação da Raça no Brasil e Rio Grande do Sul?
Fácil diferenciar. A Abrabull, com sua tradição e longo histórico de atividade em benefício do bulldog, é o único clube OFICIAL da RAÇA reconhecido pela CBKC. É ela também a única responsável pela realização do maior e melhor acontecimento cinófilo da raça Bulldog no Brasil. A nossa Nacional Abrabull, que nesse ano completa 10 anos de existência, proporciona julgamentos de altíssimo nível, além de palestras, informações e troca de experiências sobre a raça. E o trabalho da Abrabull vai além, com a recente criação da Comissão de Saúde do Bulldog, que tem por objetivo debater e buscar soluções a alguns problemas de saúde, como é o caso da displasia coxofemoral. Nada mudou.
Entrevista com Marco Aurélio Velasco Teixeira
Juiz All Rouder e Criador de Bulldogs Canil Florattas
Qual a sua experiência com a raça?
Iniciei na raça através de um amigo de Campo Grande ( João Ricardo Citino- Tucky Bulldogs) numa oportunidade em que eu era ainda juiz de grupo e havia ido julgar naquela cidade. Ele era meu auxiliar de pista e conversamos muito, nos aproximamos e a partir daí começou a criação. Em minha primeira ninhada tive a oportunidade de criar o cão que veio a ser o melhor bulldog da Argentina no ano de 1998( Floratta's Match Point by Tucky) e isso foi um grande incentivo à busca de qualidade.
Com tantos tipos diferentes em pista, o que você busca em um bulldog como juiz criador? E como avaliar as diferentes linhas ( européia e americana) em idades diferentes de desenvolvimento?
Acho que independente dos tipos tem que buscar o cão que atenda ao que descreve o padrão. Os diferentes tipos e linhagens nos remetem a qualidades diferentes, já fixadas por países e criadores que podemos colocar em nossos cães com as escolhas de características que buscamos melhorar ou fixar. O mesmo raciocínio acho que se aplica na hora de um julgamento. Devemos dar maior importância a características mais marcantes inerentes à raça, complementado pelos detalhes individuais do exemplar. Em relação a linhagens, notamos que elas têm características diferentes no seu desenvolvimento, mesmo que já observamos haver uma mistura de tipos nos dias atuais. Os americanos se mostram mais precoces em relação a amostrar suas características físicas quando se comparam aos europeus, por isso temos muitas surpresas positivas com alguns exemplares quando os vemos em idades diferentes em face deste desenvolvimento diferenciado. Mais marcante quando se observa desenvolvimento do crânio, mandíbula e abertura de caixa toráxica.
Como está a qualidade da criação gaúcha em relação ao restante do Brasil?
A criação gaúcha é de suma importância para o Brasil. Tenho observado ao longo dos anos que acompanho a raça e que tenho a oportunidade de julgar no Rio Grande do Sul, que todo investimento que acontece já gerou muitos e bons frutos. Os buldogueiros gaúchos sempre se destacam em nossas exposições especializadas e o mais importante é que isso acontece pela qualidade dos cães já de criação nacional, ou seja, demonstram estar explorando, e bem, as qualidades dos sementais importados. Temos aí, representantes de clubes de grande relevância como a ABRABULL e CBRBI, que tem se sobressaído em pista com seus cães, e essa é a melhor resposta à sua pergunta.
Entrevista com Bibbo Camargo
Fotógrafo
Qual a sua relação com a raça?
Tenho os Bulldogs como paixão desde muito cedo, na minha infância no oeste do Paraná eu tive um Bulldog Campeiro que na região era chamado Bulldog de açougueiro. Quando na minha adolescência abri uma revista de moda em uma loja de roupas e me deparei com um Bulldog inglês em um do anúncio de moda, fiquei maravilhado em ver a imagem dele. Logo que tive condições eu comprei um Bullgog e toda literatura possível sobre eles na época e iniciei uma criação. Na realidade eu sou mais conhecido por organizar eventos da raça e pelas minhas fotos do que fui como criador. Organizei as duas primeiras nacionais da raça no país em 2001 e 2002, também fui responsável e idealizador das expos de criação nacional e pelas duas revistas especializadas, uma delas é editada até hoje, mas por outra pessoa (Bulldog Show).
Como é fotografar o Bulldog Inglês? Quais as dificuldades e macetes?
Não é um cão fácil de fotografar, pois é necessário conhecer bem o padrão, e não apenas achar que ele está bem. Alguns detalhes da raça exigem que você tenha conhecimento para captar. Esperar o momento certo para captar o conjunto boca fechada, orelha em rosa, cabeça levantada e aprumos corretos demanda tempo. Alguns têm um manejo desde pequenos e facilitam o trabalho, mas outros nunca foram colocados em stay na vida e dai complica um pouco. Fotografa-lo artisticamente é mais fácil, mas tecnicamente dai a coisa muda de figura, pois ou você conhece o padrão e sabe o que deve captar ou faz apenas uma foto.
Por que você é o preferido entre os criadores de Bulldog?
Acho que pelo conhecimento que tenho da raça e porque tenho feito fotos da maioria dos melhores Bulldogs que pisam no Brasil desde que me fixei como fotógrafo na cinofilia. Sou designer também e a maioria dos melhores canis de Bulldog no Brasil e alguns do exterior tem uma logomarca assinada por mim. Criei mais de 100 logo para canis de Bulldog até hoje.
Como avalia a criação gaúcha?
A criação gaúcha é uma das mais importantes no cenário nacional, no Rio Grande do Sul tem Bulls importando incríveis e o mais importante, aqui nascem Bulls incríveis.
Seu envolvimento com a raça é tanto que você é responsável pela Nacional de Criação Nacional. Por que e como é fazer esta exposição? Teria interesse em trazer esta exposição para o Rio Grande do Sul?
Eu apenas dei o start para este evento, pois não conseguia imaginar o porque de se dar mais importância para Bull importados nas exposições e deixar de lado os de criação nacional. Os Bulls importando tem seu grande valor como reprodutores, mas dar importância ao produto nacional é de suma importância para valorizar o criador nacional. Hoje outras entidade deram seguimento ao evento, mas quando algum outro clube resolver fazer um avento nesta linha e necessitar ajuda, basta pedir. Onde estiverem bons Bulldog lá estarei na certa.
Obrigado a Cinofilia gaúcha pelo carinho em me convidar para esta entrevista. Desejo muito sucesso a vocês e a criação gaúcha de todas as raças.
Raça do Mês : Bulldog
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